sexta-feira, 15 de novembro de 2013



O caipora e o marechal de papelão

Silvio Sousa
  
- O Senhor é um traidor!

- E o senhor é um marechal de papelão!

Esse foi o último diálogo entre o marechal Deodoro da Fonseca e o professor Benjamin Constant. Esses dois homens foram indispensáveis para que hoje dia 15 de novembro, fosse comemorada a proclamação da republica, embora de fato, ela tenha acontecido no dia 16. O livro 1889 de Laurentino Gomes mostra que com Deodoro o destino foi enormemente generoso ao fazer dele o herói do movimento, mesmo sendo um monarquista convicto. Já com Benjamin, um republicano declarado, o destino foi cruel. O pai da republica é hoje um ilustre desconhecido dos brasileiros.

Benjamin foi quem disseminou as ideias republicanas entre os militares que se rebelaram contra a monarquia. Mesmo sendo ídolo dos republicanos, Benjamin não tinha patente a altura para liderar as tropas. É ai que entra a figura de Deodoro. O velho e doente marechal aceitou comandar o levante porque, assim como a maioria dos oficiais do exército, estava magoado e não suportava mais as humilhações e o tratamento desrespeitoso dispensado aos militares pelos ministros civis do imperador, em especial o ministro da Guerra, o Visconde de Ouro Preto.

Deodoro dizia que a republica seria a tragédia do Brasil e que queria viver para carregar o caixão do imperador Pedro II, por quem tinha respeito, admiração e amizade. Por isso, ao liderar o movimento no dia 15, Deodoro depôs o conselho de ministros, prendeu Ouro Preto e pediu que sua majestade o imperador nomeasse um novo ministério. Ou seja: no que dependesse de Deodoro o Brasil continuaria a ser uma monarquia.

Acontece que no dia 16, um dia após o golpe, o imperador cometeu o erro de nomear o senador Silveira Martins para chefiar o novo gabinete ministerial. Martins era o rival número um de Deodoro, que entendeu a escolha como uma afronta. Aceitar a nomeação de Silveira Martins seria a total desmoralização para Deodoro. Vaidoso e ferido, o marechal então decidiu decretar a instalação de um governo provisório chefiado por ele mesmo e dar 24 horas para que a família imperial deixasse o país rumo ao exílio. A partir daquele momento o Brasil deixava de ser império para se tornar o que hoje conhecemos como a República Federativa do Brasil.

Sem Deodoro a republica não aconteceria, mas ele virou herói por acaso. Estava no lugar certo e na hora certa. Já Benjamin Constant não teve a mesma sorte. Depois daquela discussão com Deodoro, pediu demissão do cargo de ministro que ocupava e morreu dois anos depois, ficando como coadjuvante do movimento do qual foi protagonista. Tamanha era a falta de sorte de Benjamin que em escritos pessoais ele dizia ter caiporismo, o que na definição do folclorista Luiz da Câmara Cascudo é um mal que torna as pessoas azarentas. Superstição ou não, é fato que Benjamim teve muitos revezes na vida publica e pessoal e que apesar de ter dado enorme contribuição na defesa dos ideais republicanos não teve o reconhecimento pelo grande feito da republica. Talvez por azar, talvez por uma grande injustiça dos homens de seu tempo e da história oficial.  

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Walter Queiroga pode ser empossado ainda hoje


A presidente da Câmara de Vereadores de Laranjal do Jari Clineide Batista (PSL) pode deve empossar no cargo de prefeito ao ex-vereador Walter Queiroga (PDT), ainda hoje, em substituição ao prefeito Zeca Madeireiro, cassado por decisão da juíza Carline Negreiros. Queiroga foi o terceiro colocado na eleição, mas foi beneficiado porque Barbudo Sarraf, o segundo colocado está com os direitos políticos suspensos. A previsão é de que a posse aconteça logo mais, ao meio dia.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Prefeito de Laranjal do Jari é cassado pela justiça eleitoral
A Juíza titular da 7ª Zona Eleitoral  (7ª ZE/AP), Carline Regina Negreiros de Cabral Nunes, cassou, nesta quinta-feira (3), o mandato do prefeito do município de Laranjal do Jari, Manoel Alves Pereira e de sua vice-prefeita Nazilda Rodrigues Fernandes, ambos do Partido Progressista (PP/AP). Conforme a decisão da magistrada, Zeca Madeireiro, como o gestor é conhecido, foi favorecido ilicitamente nas Eleições de 2012, pela ex prefeita da  cidade, Euricélia Cardoso.
A decisão foi embasada no fato da ex prefeita, que apoiou Zeca Madeireiro no pleito de 2012 (Coligação: Laranjal Progressista), durante entrevista a uma rádio de Laranjal do Jari, ter atribuído para si a abertura de agências bancárias na cidade, concessões de taxis e pagamentos de programas de verba federal no município.
Euricélia Cardoso disse ainda que, em virtude de seus feitos, se o candidato de sua preferência não vencesse as Eleições 2012 naquela localidade, Laranjal do Jari iria “parar”, referindo-se a estagnação do progresso na referida comunidade.
Além de cassados, Manoel Alves Pereira e Nazilda Rodrigues Fernandes foram multados em 15 mil UFIR, cada um. A ex prefeita Euricélia Cardoso foi condenada a inelegibilidade por oito anos, subseqüentes ao pleito de 2012 e pagamento de multa de R$ 20 mil.
A Juíza também determinou a diplomação do terceiro colocado nas Eleições de 2012, Walber Queiroga de Souza (PDT/AP) e seu vice Ayrton Nobre (uma vez que o segundo colocado, Idemar Sarraf, está com os direitos políticos suspensos), para assumirem a Prefeitura de Laranjal do Jari.
A sentença tem efeito imediato, nos termos do art. 257 do Código Eleitoral e será publicada hoje no Diário de Justiça Eletrônico (DJE) do Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (TRE-AP). A decisão será é válida a partir da data de publicação.
Assessoria de comunicação do TRE
Vinícius e Luiz Carlos disputam o PSDB


Do ninho tucano vem a informação de que o deputado Vinícius Gurgel (PR) sequer foi recebido pelo senador Aécio Neves. No contraponto Vinícius diz que a sigla foi oferecida a ele pelos caciques do PSDB. Em meio ao disse-me-disse, pelo sim, pelo não, o deputado Luiz Carlos tem se precavido para manter o controle da legenda.
PROS pode fechar a semana com adesão de cinco deputados estaduais

PROS, o novo partido de Francisca Favacho pode fechar a semana com cinco adesões expressivas. O deputado Jorge Salomão foi o primeiro de um grupo de políticos com mandato que devem migrar para a legenda. Conversas com Jaci Amanajás, Valdeco, Michel JK e Rosely Matos estão adiantadas. 

foto: Rodrigo Portugal

Nuvens na politica amapaense

Já dizia o banqueiro Magalhães Pinto que política é como nuvem: você olha e tá de um jeito, olha de novo e já mudou.  Esta semana o tempo fechou para alguns políticos amapaenses, enquanto para outros se abriu um céu de brigadeiro. O deputado estadual Edinho Duarte foi o primeiro a ver as nuvens mudar de lugar.  Edinho dormiu presidente do PP, mas ao acordar descobriu que já tinha perdido o controle da sigla para as superpoderosas Sandra Ohana, Telma Nery e Euricélia Cardozo. Já o ex-deputado Paulo José viu ex-senador Jonas Pinheiro renascer das cinzas e lhe tomar o PTC. Pelo que se diz, as nuvens também se movimentam na direção do PSDB. A legenda que é controlada pelo deputado Luiz Carlos, é o objeto máximo da cobiça do também federal Vinícius Gurgel. O clima é tenso. É mais quem quer um partido para chamar de seu. Até sábado, muita gente vai perder o sono e ao procurar a pulga atrás da orelha, pode encontrar um elefante.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

São Tiago, o Melody e o mijo
Machado de Assis dizia que não há nada pior que uma idéia fixa. E o autor de Memórias Póstumas de Braz Cubas tem razão! As ideias podem levar a lugares impensáveis ou a lugar nenhum. E no campo da política, o parlamento é o território mais fértil para que elas floresçam. Boas, ruins, uteis, inúteis. Relevantes ou não. Tudo depende do que vai sair da cachola do vereador, do que vai entrar na cabeça do deputado ou senador e do reflexo que isso vai ter na vida das pessoas.
A idéia do momento é feriado de São Tiago. Sou a favor e contra ao mesmo tempo. Entendo a intenção de valorizar a história do povo que veio do Marrocos para construir parte desse Amapá que conhecemos. É louvável que a deputada Marília Góes esteja preocupada em valorizar as tradições e a cultura da festa de São Tiago. Mas criar mais um feriado em meio a tantos que já temos? Mais um feriado para um estado que não produz nem o que consome internamente? Considero justo o feriado de São Tiago, desde que e somente se, um outro feriado for extinto. Uma simples consulta vai mostrar que alguns não vão fazer a menor falta.
Outra idéia polêmica é do vereador Jaime Perez de cria a Semana do Melody. Sou a favor! Sem feriado, será uma semana para valorizar a cultura de massa e colocar em evidência a música que é feita na periferia. Mas uma semana ouvindo Melody não seria muito tempo? Não! Ouve quem quer, ora. Eu não ouviria. Mas não vejo problema que artistas desse seguimento possam ter o trabalho prestigiado por quem se interessa por ele. É uma questão de gosto, de escolha pessoal. Não gosta do DJ Maluquinho? Então vai ouvir a Nona Sinfonia de Beethoven. 
Existem ainda aquelas ideias que no primeiro momento, se comparam com a descoberta da pólvora. Mas que depois se revelam inócuas, inexequíveis, ingênuas. O senador João Capiberibe, por exemplo, quer proibir o consumo de bebidas alcoólicas em aniversários de criança. O projeto, por mais bem intencionado que seja, é impraticável, fere as liberdades individuais e o estado democrático de direito. Já pensou proibir o “mijo” do seu filho recém-nascido? Que injustiça. E se daqui a pouco outro iluminado quiser proibir o consumo de carne vermelha ou o uso da cor azul na sua casa? Melhor nem pensar. As ideias são perigosas. Despertam ódio e amor, celebram a paz ou levam a guerra, podem arrancar aplausos calorosos ou simplesmente provocar risos.